sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

RUA JOSÉ DE FREITAS GUIMARÃES, 411

Que ilusão,
Meu Deus,
que tremenda ilusão !...

Devia ter 5 ou 6 anos de idade.


Morávamos
numa grande casa, dominando a cidade,

eu,
meus pais,
meus irmãos,
meus tios,
minha avó;

O grande quarto da frente,
o quarto-mistério,
o quarto-remoto,
dos irmãos mais velhos...

O menor,
o quarto-rosa,
o quarto-pudor,
o quarto de cheiro bom
o quarto-refúgio
das horas de aflição,

o quarto em que sempre eu acordava de manhã,
o também quarto-mistério
de minha irmã...

O quarto-segredo
dos meus pais,
o quarto-medo
de ser pequeno demais...

Lá embaixo,
o quarto-bom,
o quarto-remédio,
pintado de um tom de rosa,
de cortinas sem tédio,
o quarto sempre aberto,
o quarto-piedade,
o quarto-dó,
o sublime quarto de minha avó...

E depois,
não me lembro de mais nada.

Devo ter ficado
sentado no quarto da frente,

em mistérios de 5 ou 6 anos de idade,

vendo a luz poeirenta que vai,
volta,
levanta,
e senta,

Pensando quem sabe no que,
quem sabe morto,

dormindo profundamente

no ansioso quarto da frente.

Um comentário:

  1. Bruno, é pra criticar...eu gostei muito, de verdade e conforme vai se desenrolando e perdendo o sentido literal vai ficando melhor.
    Parabéns, um abc,
    Vanessa

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